Inkiri Piracanga vira campo de pesquisa científica

Pesquisadores da Uesc (Universidade Estadual de Santa Cruz) ministram palestra na Escola Inkiri

Inkiri Piracanga virou campo de pesquisa científica para alunos de pós-graduação da Uesc (Universidade Estadual de Santa Cruz), de Ilhéus (BA). A abertura de portas aconteceu a partir de um projeto desenvolvido por alunos da Escola Inkiri e das ações de responsabilidade sócio-ambientais do programa SER Inkiri (Serviço, Empoderamento e Realização), que também incluem o apoio e incentivo à pesquisa e divulgação da ciência.

Em fase final, parte da pesquisa sobre a diversidade de anfíbios e répteis na Península de Maraú e em algumas ilhas da baía de Camamu deve ser publicada no formato de livro em parceria entre a universidade, os pesquisadores e o Instituto Inkiri. 

Preservação de Inkiri Piracanga fez do local um vasto campo para pesquisa científica

Vinculados ao laboratório de Herpetologia Tropical da Uesc, coordenado pelo professor-doutor Mirco Solé, os alunos de pós-graduação em Zoologia, Gabriel Novaes e Fagundes; e em Genética, Ramon Costa Dominato, realizaram a última etapa da pesquisa de campo em abril de 2018. Na ocasião, eles aproveitaram para apresentar uma inspiradora palestra para as crianças da escola.

Em seu mestrado, Gabriel pesquisou a diversidade de anfíbios e répteis na Península de Maraú e em algumas ilhas da baía de Camamu. Já Ramon, que é doutorando, pesquisa um grupo específico de sapos. Além deles, os pesquisadores Artur Gomes Bauer e Renan Nunes Costa também participaram do trabalho em Inkiri Piracanga.

Mais preservação, mais biodiversidade

Segundo os pesquisadores, Piracanga é interessante para a pesquisa porque está localizada em uma região de grande importância do ponto de vista ecológico, que é a Península de Maraú, a baía de Camumu e o município de Itacaré, mais ao sul. “Toda essa região é considerada como de prioridade para a conservação por estar inserida em duas APAs (Áreas de Proteção Ambiental) sobrepostas, a da baía de Camamu (nível estadual) e da península (municipal)”, explica Gabriel.

O pesquisador destacou ainda as características de ocupação de Inkiri Piracanga como um fator muito relevante. Por conta dessa natureza preservada, especificamente falando dos anfíbios, a existência de vários corpos d’água, várias poças, várias pequenas lagoas, fazem com que Inkiri Piracanga seja ainda mais especial para estudos científicos dos pesquisadores porque todo tipo de ambiente aquático atrai os anfíbios.

“Pelos princípios do Centro Inkiri de responsabilidade ambiental e sustentabilidade, há fragmentos e remanescentes florestais muito interessantes em Inkiri Piracanga”, disse o pesquisador. “Podemos dizer que Piracanga é um ambiente bem preservado. Então, tudo isso faz com que Piracanga seja um local muito interessante para estudo da biodiversidade.”, celebrou.

O pesquisador Arthur apresenta anfíbio para João

Uma obra sobre os anfíbios de Piracanga

Gabriel, ao lado dos colegas Artur e Renan, além do professor Mirco, está produzindo um livro com um apanhado sobre os anfíbios de Piracanga.

O projeto foi iniciado em 2017 por iniciativa do João Galvão, ex-aluno da Escola Inkiri, que sempre teve muito interesse pelos sapos e rãs. Dentro das atividades da escola, João quis desenvolver um projeto sobre os anfíbios. As crianças da Escola Inkiri fizeram uma visita ao laboratório da Uesc, onde conheceram a coleção zoológica dos pesquisadores. Assim, foi criado o elo entre a universidade e Inkiri Piracanga.

Pouco depois, Renan e Arthur estavam pelas trilhas de Inkiri Piracanga. Eles fizeram uma palestra para as crianças e suas famílias, além de orientarem João e seus colegas sobre como fazer os trabalhos de campo, ou seja, o levantamento em si das espécies existentes na região.

Comunidade de aprendizagem

O projeto educacional envolveu toda a comunidade local de uma maneira muito interessante. Um grupo no WhatsAPP foi criado e lá os moradores de Piracanga podiam enviar fotografias aos pesquisadores, que iam identificando as espécies.  “Assim, além da nossa ação como pesquisadores e das crianças da Escola Inkiri em campo, contamos com um esforço continuado dos moradores”, recorda.

Em maio de 2018, o livro já estava em fase final de produção. São 18 espécies de anfíbios registradas, sendo que duas delas foram identificadas na última visita dos pesquisadores, em abril. Após os últimos ajustes, os parceiros pretendiam tentar um financiamento da obra para a publicação impressa.

O interesse das crianças pela ciência

Em abril, eles também ministraram uma palestra para as crianças. “Foi muito bacana ver a animação e a curiosidade das crianças com o que apresentamos. Falamos basicamente sobre o que são os anfíbios, os répteis de modo geral”, diz Gabriel.

“As crianças são um público-alvo muito importe. Ao apresentar nossas pesquisas para elas, estamos estimulando o interesse pela ciência, pela pesquisa, pelo conhecimento da diversidade de seres vivos que está ao seu redor. Tudo isso vai gerando afeto também porque, quanto mais conhecemos, mais conseguimos conservar”.

Crianças da Escola Inkiri acompanham pesquisadores durante pesquisa de campo em Inkiri Piracanga

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