Nossa escrita virou monocultura, mas a escrita livre é agrofloresta.
Precisamos nos libertar da monocultura da escrita técnica e mental, que está crescendo por todos os lados.
Temos aquela gigante e padronizada escrita do direito, feito plantação de milho. Aquela popular e seriada escrita do jornalismo, feito plantação de soja. Aquela disciplinada escrita acadêmica, feito plantação de eucalipto. Temos diversos tipos de escrita disseminadas.
Elas crescem em nós, dominando nosso terra sagrada da escrita, e impedindo a nossa pluralidade. Podam a nossa criatividade. Machucam a nossa expressão, como um agrotóxico na terra. Infertilizam a vida que nos habita.
A escrita mental é uma semente transgênica do mundo materialista e sem conexão espiritual. Ela propaga o individualismo e o consumismo em alta velocidade. Ela é uma das representações do império do ego.
Se queremos manifestar a abundância da natureza em nossa vida, precisamos nos curar desses venenos mentais que esterelizaram a nossa fertilidade. Para a criatividade nascer com saúde, precisamos trabalhar na regeneração da terra da escrita. Só assim nós vamos conseguir fazer da escrita uma agrofloresta.
É tempo de nos libertar das sementes viciosas que dominam o nosso pensar, fazer e expressar. Pare por um momento. Você ouve os ruídos da sua mente preocupada? Desliga essas máquinas automáticas que estão o tempo repetindo aqueles padronizados movimentos para o produtividade. Ninguém merece viver com tanto barulho. Você quer mesmo continuar colhendo sempre os mesmos resultados?
Quer mesmo continuar matando a espontaneidade que brota aí? Eles te fizeram acreditar que ela é ruim, impura. Deram até um nome pra isso: erva daninha. São danosas para quem? Você realmente acredita que as ervas espontâneas da sua criatividade prejudicam a vida?
Esse jogo de manipulação é uma prisão a serviço da ganância e das ilusões da matéria. Nao há justiça aqui. Nao há partilha. Justo seria se tivesse espaço para toda forma de vida se manifestar. Se fosse justo seria diverso.
A escrita técnica e mental tem base no controle da vida. Não permite falhas, diferenças. Há sempre uma exigência, uma expectativa para alcançar a partir de um caminho pré determinado. Esse controle está matando a biodiversidade.
Agora, se você procura se nutrir da diversidade da vida da forma mais natural possível, está na hora de acabar com essa monocultura. Faça um ritual de queima. Transmuta esse plantio mecanizado e mental, e passe a cultivar a escrita agroflorestal. Essa será livre e orgânica, e seu fruto será vivo, saboroso e natural.