No Mês das Mães, a Comunidade Inkiri abre o coração para agradecer à mãe Terra em toda a sua generosidade. Agradecemos à mãe que nos deu a vida. Agradecemos à mãe que nos criou. Honramos a energia materna que se manifesta através de cada um de nós quando cuidamos uns dos outros, quando cuidamos do nosso entorno e da natureza. Neste mês, também honramos as mães de uma maneira especial: compartilhamos experiências maternas em meio a uma comunidade intencional em Inkiri Piracanga.
A Comunidade e o Centro Inkiri nasceram da intuição de Angelina Ataíde. Uma mulher que, além de cuidar de dois filhos biológicos e de outras crianças e jovens da região de Piracanga, dedica sua vida a um trabalho conectado com a energia materna, que tem ajudado muitas outras pessoas. É terapeuta, ministra cursos de autoconhecimento e palestras. Aos 56 anos, lidera movimentos para que as pessoas possam ser livres e, assim, consigam criar as bases para realizar seus sonhos. E foi graças à iniciativa e ao exemplo de Angelina, que também é conselheira da Comunidade Inkiri, que outras mães com esse sonho em comum decidiram viver a vida em Inkiri Piracanga.
Juliana Faber é mãe do Kalú Terra. Hoje tem 40 anos, mas começou a viver em comunidade aos 19. Passou por diversas formações até que, há sete anos, a convite de Angelina conheceu Inkiri Piracanga. A partir daí, uma forte conexão com as águas se restabeleceu. Juli, como é conhecida, escolheu a simplicidade como estilo de vida. E, trilhando este caminho, se encontrou com a Permacultura.
“Comecei a facilitar cursos e vivências sobre produtos biodegradáveis, plantas medicinais e alimentícias, ecologia doméstica, alimentação integral e ecológica, corantes naturais, rebocos e tintas naturais, alfabetização ecológica, manejo sustentável da água, autocuidado e amor próprio. Em Piracanga, criei a Plante! Inkiri e o Templo das Águas, um núcleo de soluções ecológicas para pequenos espaços, focado no fechamento dos ciclos naturais, conexão com a terra, jardinagem produtiva, saúde e bem-estar, fitoterapia, e feitio de cosméticos biodegradáveis para o corpo e a casa. Me tornando, desta forma, a referência em cuidados para a saúde. A curandeira da Comunidade. De lá para cá, minha maior dedicação tem sido ser mãe e sensibilizar as pessoas para o contato com a Natureza, por meio de vivências e cursos ligados à Escola da Natureza Inkiri”.
Gabriela Unibazo é mãe da Zoé. Nasceu no Uruguai e ouviu falar sobre Piracanga quando morava em La Paloma, através de amigos. Aos 42 anos, faz parte do time de educadores da Escola Inkiri e é responsável pelo projeto COM-Fio. Seu vínculo com a Comunidade Inkiri foi construído aos poucos.
“Angelina foi ao Uruguai, deu alguns cursos e eu senti uma forte conexão. Quando minha filha tinha mais ou menos um ano, meu trabalho com educação não fazia sentido para mim do jeito como estava o sistema. Começamos a nos juntar com outros pais para criar uma forma diferente de educação. Nos inspirávamos na Escola Inkiri, que era uma escola livre naquele momento. Passamos muito tempo nos reunindo até que conseguimos materializar um espaço que me deu a possibilidade de viver muita coisa dentro de mim. Reencontrar a minha essência. Um espaço de muita luz, de criar a possibilidade dessas crianças se conectarem com a sua verdade. E foi aí que eu senti um chamado. Decidi vir, e vim com minha filha, que estava com dois anos. Quando cheguei, senti algo muito forte e decidi ficar. Fui contratada pela Escola Inkiri, voltei para o Uruguai e fechei tudo. E aqui estou há seis anos”.
Gabriela Chavantes é mãe da Eleonora. Tem 35 anos e é membro da Liderança da Comunidade Inkiri e responsável pelo projeto Eventos Inkiri, que cuida do planejamento interno e da materialização das atividades no Centro Inkiri. Chegou em Inkiri Piracanga através da própria mãe, que fazia Leituras da Aura e estava começando a treinar para ser professora.
“Eu não gostava dela vir para cá, achava que ela estava gastando dinheiro, não acreditava no que estava fazendo. Quando estava em Petrópolis, um facilitador daqui foi oferecer um curso de limpeza e proteção energética lá. E aí, minha mãe achou que eu ia gostar e me deu o curso de presente, para eu conhecer alguém daqui e trabalhar a minha resistência. Fui lá, fiz o curso e me apaixonei. Comecei a pesquisar sobre a Escola Inkiri, sobre tudo e decidi vir para cá. Me aproximei de outras pessoas da Comunidade Inkiri, e vim para ficar três meses. Quando cheguei, percebi que não iria mais embora. Eleonora tinha acabado de fazer três anos. Este ano, completam seis que vivemos aqui. Minha mãe é abridora de caminhos, é inacreditável. Eu honro ela, as escolhas que ela fez e faz. As atitudes que tomou e deixou de tomar”.
Peggy Mars é mãe da Naià, da Amana, do Iuri e da Lana. Psicóloga para crianças e famílias, parteira e terapeuta de 40 anos especializada no Oráculo do Nascimento, uma Leitura da Aura temática que revela informações contidas nas memórias da concepção, gestação e do nascimento. Quando chegou em Inkiri Piracanga, há cinco anos, três dos quatro filhos já haviam nascido. Estava grávida da Lana.
“Naquela época, cuidava e focava a minha vida neles, era meu ponto número um: que vida eu queria dar para eles. Trabalhava, mas bem pouco. Eles não tinham o costume de ir para a escola, faziam homeschooling [método de ensino em casa]. Eu queria poder proporcionar o máximo do meu tempo e da minha disponibilidade a eles. E, de verdade, não confiava muito no que eu via de propostas à minha volta em Educação. Eles faziam várias atividades extraescolares, mas era isso: uma horinha para cá, outra para lá. O resto do tempo era comigo. Quando cheguei a Piracanga, tinha aberto dentro de mim a possibilidade de irem para a Escola Inkiri. Sabia que ia ser uma nova vida para mim. Vendo, claro, se era algo que eles também topavam, gostavam. Chegamos e eles foram convidados a irem para para a escola. No segundo dia, os três já estavam enfiados lá. Foi muito rápido, e eles estavam muito felizes”.
Maternidade em comunidade
Ser mãe em uma comunidade é algo grandioso. Inspirados na energia materna, feminina, das mães, cuidamos de nós mesmos, do nosso entorno e da natureza.
Juli – “Sempre imaginei um mundo mais harmônico e mais bonito do que eu percebia na minha realidade. Quando pensava em maternidade ou nessa relação entre pais e filhos, primeiro sempre me vinha que, se fosse ter um filho, seria adotivo. Porque nunca senti nenhum apego biológico. E também por me sentir natureza, para mim não fazia sentido milhares de crianças sem pais e tantas pessoas tendo essa necessidade de cumprir um papel biológico e ter uma descendência sanguínea. E outra coisa que para mim era relevante é que eu ficava imaginando que, se eu tivesse um filho, que não queria que fosse dentro de uma família convencional formada por pai, mãe e a criança. Sempre me pareceu muito pobre uma criança ter a visão de mundo só de duas pessoas. Porque, de fato, a visão de mundo de uma criança se forma até os sete anos, e por mais que ela esteja indo na escola ou convivendo com outras pessoas, a base dela sempre vai ser o pai e a mãe. Para mim era muito claro que a maternidade teria essas duas características não convencionais: eu queria mais do que um filho biológico e mais do que uma família convencional. Para mim fazia sentido a criação e a educação dentro de uma tribo, dentro de uma comunidade”.
Gabi Unibazo – “Ser mãe em uma comunidade é algo muito lindo, mas também desafiador. Quando cheguei, minha filha era bem pequena, ela estava com dois anos e meio. Naquele momento, os pais se organizavam e fazíamos um revezamento para ficar com um grupinho de crianças, todos os dias, depois da Escola. E esse foi um processo muito rico para mim, como mãe: estar ali com um grupinho de seis crianças em um ambiente totalmente desconhecido. Criando um novo vinculo, uma nova forma de se relacionar. Entendendo até onde poderia ir como adulto, até onde deixava essa criança ter seu próprio espaço e quando colocar limites. Tentando alinhar essa relação entre criança e adulto, tinha dias bem desafiadores e outros de muito amor, de cooperação. Como mãe em uma comunidade, você tem um apoio muito grande no cuidado com algumas questões básicas: você tem que trabalhar? Encontramos soluções para contemplar essa necessidade. Também acho que essa era a parte mais bonita. A gente, enquanto comunidade, ter outras mães apoiando”.
Gabriela Chavantes – “Só sei ser mãe solo. Não sei o que seria ser uma mãe com um companheiro. E ser mãe dentro de uma comunidade é outra coisa, diferente de ser mãe. Ser mãe em comunidade tem vários pontos. E um dos que eu acho muito ricos, que pode ser visto tanto de uma maneira ruim quanto legal, é onde que a Eleonora pode ter comparação, pode ter outras vivências. Se ela quer conviver um pouco com uma família com muitos irmãos, ela vai lá para a casa da Ornella. Se ela quer uma alimentação diferente, se quer olhar para uma família devota, ela fica um tempo com a Juli. Ela tem contato com pessoas, com culturas e vivências diferentes. Não só o contato de visitar o amigo no outro prédio, ela vive isso no dia a dia, com as pessoas. Ela não vai ali rapidinho, ela vai e fica. Ela acompanha o processo dos outros e os outros acompanham o processo dela. Essa, para mim, é uma das coisas que acho ricas e tranquilizantes: como ela pode ter acesso a coisas. Eu tenho muito medo do mar, por exemplo. Estou trabalhando esse medo. E ela não tem, pelo contrário, ela vai nadando até os corais, se deixar. Ela vai sem medo. Se estivesse criando ela fora da comunidade, era muito capaz que ela tivesse medo. E estar tranquila: quero sair à noite? Tem alguém que vai ficar com ela porque ela é parte da comunidade”.
Peggy – “Na minha chegada, com relação ao meu papel de mãe, tive que confiar. Escola, para mim, era deixar meus filhos com outra pessoa, uma outra referencia. Mudou muita coisa dentro de mim e algo que eu queria era essa nova estrutura familiar. Ao mesmo tempo, gravida, queria um tempo exclusivo, durante um tempo, para o bebe. Percebo que achava as crianças muito soltas, largadas. E, hoje, meus filhos estão em um aniversário e até há pouco eu nem sabia que estavam lá. Durante um tempo, queria que minha forma de educar fosse a mesma, com meu ritmo, mas me flexibilizei muito. Saí de alguns padrões porque eu vi o quanto meus filhos precisavam de outras referencias. Era uma necessidade. Não é comigo que vai surfar? Não é comigo, mas vai fazer isso com alguém genial. O mesmo com plantar: aqui tem a rainha da plantação, que considero a melhor do mundo. Pessoas que são meus amigos, muito legal. Uma grande mudança, de riqueza que a comunidade me traz como mãe. Sinto que tenho a consciência de que sou uma referecia, tenho uma responsabilidade muito maior que qualquer outra pessoa. Mas sinto que poderia entrar em um lugar de achar isso difícil, não vivendo em uma comunidade. Ser mãe deles, hoje, assumindo essa função sozinha. Ao nível financeiro, é um desafio. Mas sei que seria o mesmo, vivendo fora de uma comunidade. Ao nível de responsabilidade, sinto que tenho uma responsabilidade maior, mas tento trazer para eles o tanto mais que eu erro. Eu sou a mãe, e a vida agora não vai trocar essa historia. Sou eu que estou ao lado. Se eles precisarem de algo, vão pedir para mim. Se precisar bancar algo, vou ser eu. Se precisar decidir algo, serei eu. E vou fazer o meu melhor. Já vivemos muitas coisas no caminho que não foram perfeitas. Sinto que a comunidade me ajuda muito nisso”.
Ninho compartilhado
Na Comunidade Inkiri, algumas mães vivem em casas compartilhadas. Outras já tiveram essa experiência e optaram por ter um espaço mais reservado para morar com seus filhos. Cada experiência é única.
Juli – “Tem um ditado que diz: é necessária toda uma tribo para educar uma criança ou só uma criança para a educação de uma tribo? Eu percebi que, quando a gente convive em comunidade, quando a gente convive com outros seres, existe uma riqueza muito grande. A criança vai buscar e vai satisfazer suas necessidades e anseios com um número muito maior de pessoas. E aí, faz com que ela possa desenvolver a sua inteligência de uma forma muito mais harmônica. E, além de eu viver em comunidade, eu vivo em uma casa com sete pessoas. Então, eu vejo como o Kalú é bem influenciado, tendo músicos dentro da casa, tendo pessoas que trabalham corporalmente, que trabalham com cerâmica, tendo educadores. Tendo várias pessoas que têm um super afeto, amor, por ele. Que sentem ele muito próximo. E tem essa possibilidade de interação tão próxima também”.
Gabi Unibazo – “No começo achei legal viver em uma casa compartilhada, comunitária. Quando cheguei, achei lindo. Estava com muitas pessoas muito próximas. Então, essa coisa de estar junto foi lindo para mim. Pois, de alguma maneira, estava procurando isso. Mas depois também percebi que é desafiador. Pois temos formas de nos relacionar. Eu e minha filha tínhamos um jeito. E quando você convive em uma casa, com pessoas que não têm crianças, e de repente você precisa colocar limite, ou as outras pessoas precisam colocar limites, isso mexe muito com a gente. Porque é uma possibilidade para a gente se olhar. Aquelas pessoas são reflexo do que está acontecendo com você, e é desafiador neste sentido. Em termo do espaço: qual é o meu espaço nesta casa? Cada um tem seu quarto, isso é muito claro, mas dentro o resto da casa, onde encontro meu espaço no espaço comum?”.
Gabriela Chavantes – “Quando estamos juntos com outras pessoas, a vida fica mais barata economicamente, porque dividimos muita coisa. E a vida fica menos pesada nas tarefas do dia a dia. A louça se divide, por exemplo. Nas casas compartilhadas, as relações não eram difíceis, eram até complementares. E, com a Eleonora, como o foco da Comunidade Inkiri são as crianças, se ela está gritando, todo mundo sabe que as crianças gritam. Tinha vergonha, no inicio, quando via o filho de uma amiga se jogando no chão, de estar ao lado dela. Tinha medo da Eleonora fazer a mesma coisa, mesmo ela sendo muito tranquila. E aqui não, ela pode gritar e vai estar todo mundo junto, com um outro olhar. E morar sozinha, mesmo em comunidade, é quase que perfeito”.
Busca por autoconhecimento
A Comunidade Inkiri é uma comunidade intencional. O cultivo do autoconhecimento está entre os nossos pilares. É uma ferramenta que nos permite aprofundar no acolhimento materno, tanto o pessoal quanto o dos outros.
Juli – “Eu demorei um tempo para me perceber enquanto mãe. Para mim, fazia muito mais sentido ser guardiã e amiga da criança, como que é esse esse andar junto. Aprendendo. Então, hoje eu tenho muito claro que sou a referência. Sei que grande parte dos traumas vão vir de mim, das minhas coisas não resolvidas, mas foi um acordo kármico. Foi um acordo que a gente fez em um outro momento. Então, me tranquilizo por isso. Para mim, a maternidade é um espaço de aprendizado. Ele é meu maior mestre e meu maior espelho. Acredito que a recíproca é verdadeira também, porque ele me mostra tudo que eu preciso trabalhar e me mostra tudo de belo que eu tenho também. Com muita muita clareza e muita assertividade, ele não deixa passar nada. Também é um super indicador de onde eu estou mandando bem, onde estou conseguindo trabalhar internamente. O Kalú tem quase oito anos e ele consegue expressar com bastante assertividade o que está sentindo: estou com raiva de tal coisa. Estou feliz. Eu te amo. Não, neste momento eu te odeio. É muito gostoso ver essa sinceridade, essa honestidade. É um aprendizado”.
Gabi Unibazo – “Quando chegamos aqui com essa intenção de fazer esse trabalho de autoconhecimento, de reencontrar com a essência. Isso meche muito com a gente, com as nossas estruturas. Podemos ficar muito vulneráveis. E ficar assim em meio a uma relação com uma criança é muito difícil, porque você precisa estar ali, presente, e precisa estar ali atendendo todas as necessidades. Para mim, foi e ainda é um desafio como conseguir estar no meu processo, observando ele, atendendo ele, me cuidando, vendo o que preciso, e como também posso estar presente para a minha filha, para as suas necessidades. De ser atendida, ter tempo para ficarmos juntas. Tem sido o meu aprendizado. Cada vez mais, estou encontrando diferentes formas, me abrindo a novas experiências. Aceitando energias que não são tão legais, mas vendo como isso me cura, cura a relação com a minha filha e com meus pais. Cura minha relação com o mundo”.
Peggy – “Hoje, para mim, o presente mais lindo que recebo ao viver em comunidade é de poder ser a mãe deles, muito orgulhosa do meu papel. Gosto muito de mim como mãe, é uma das coisas que sinto que faço bem, que gosto. Ao mesmo tempo, ter a humildade de saber que o que posso dar a eles nunca vai ser o suficiente. Então, tem uma comunidade que pode dar o que eu não tenho. É algo que estou muito feliz. Acho que cinco anos atrás, se alguém me falasse isso, eu ia dizer ‘de jeito nenhum’. Estava em um lugar muito mais apegado, protetora. Eu vejo hoje o quanto é lindo ver como meus filhos podem ter outras referencias.
Educação e comunidade de aprendizado
Assim como o autoconhecimento, as crianças e a educação também são prioridade em Inkiri Piracanga. Ambas estão diretamente ligadas ao que sustenta a nossa comunidade, que é de aprendizado. A Escola Inkiri tem papel fundamental na experiência materna de quem vive ou passa temporada com a gente.
Juli – “É um super aprendizado perceber que a gente está em um lugar onde a gente consegue passar muitas coisas lindas. Em que outro lugar a criança leva dois minutos para chegar até a escola? As crianças estão em contato com a natureza o tempo todo. São educadas dentro de valores humanos, por pessoas incríveis, que estão dispostas a trabalhar internamente, a se auto-observarem o tempo todo. Então, a gente está em um lugar onde o autoconhecimento e o cuidado com a natureza é a base, onde a gente consegue inspirar e criar soluções em muitos aspectos do cotidiano”.
Gabi Unibazo – “Ter minha filha na Escola Inkiri é uma benção. Agradeço profundamente essa oportunidade que posso dar para ela e para mim. O que estou vivendo na Escola é, de alguma maneira, a educação que sempre estive buscando. Que vem de um lugar muito amoroso. o processo com a criança. Que vai trazendo aprendizado a partir das suas necessidades, da sua curiosidade. Eu sinto como uma coisa de muito respeito, um lugar de não impormos o que aprender. De dar espaço para ela ser ator do seu aprendizado. Acho incrível poder viver isso e ver a criança neste espaço, se empoderando, trazendo autorresponsabilidade, cooperando uns com os outros. É muito lindo”.
Gabriela Chavantes – “Na cidade, queria ser uma mãe normal. Comecei a trabalhar em um emprego normal, como professora. Aluguei uma casa com dois quartos e comecei a fazer o que uma mãe normalmente faz: tenta colocar a filha em uma creche. Morava em um lugar legal, recebia a visita da minha família e visitava eles. Mas era tudo muito distante, era outra história: tinha que estar sempre na Secretaria de Educação, conversando, explicando que não era ‘bem assim’. Por exemplo: eu dava muitas ‘bitocas’ na boca dela, como uma forma de dar tchau, de dizer ‘eu te amo’. E, uma vez, ela deu uma ‘bitoca’ na boca de um amigo e disse que amava ele, e ficou de castigo na escola, com dois anos de idade. Foi aí que percebi que não era ali que queria criar minha filha, daquela maneira. Foi bom porque experimentei o que era normal, e tive certeza de que não era aquilo que queria viver. Quando cheguei, achei a Escola Inkiri inacreditável. Tive dificuldade com a aproximação da Eleonora, mas o acolhimento no ciclo foi incrível. A Escola, para mim, foi uma coisa inovadora, fora do comum. Ali tinham pessoas que eu confiava que, se a Eleonora estivesse passando mal, iam fazer Reiki nela. Cheguei em uma época em que não tínhamos muito conteúdo escolar, o que a Eleonora não precisava. E, agora, estamos desenvolvendo isso. No mesmo momento que ela está querendo, é agora que a Escola está colocando e disponibilizando. Acompanhamos bem, e vejo isso como um presente. Estou muito feliz por a Eleonora estar em uma escola como essa. Por mais que existam ajustes que, como mãe eu gostaria de trazer, e conversar e estar acompanhando, poder ter uma escola que está aberta para uma comunidade de aprendizado é importante. Minha filha não é criada na escola, mas ela também não é só criada em casa, ou com os vizinhos, ela é criada em todos os lugares. Esses acordos, eles permeiam dentro da Escola Inkiri, dentro da Comunidade Inkiri, e ela pode receber isso em todos os lugares que ela vai. É o mais lindo da comunidade de aprendizado”.
Peggy – “Acompanhei crianças especiais em escolas como psicóloga. Todas que convivi, na França, conheci por dentro. Nos três primeiros anos da Naià, decidimos que ela não ia entrar em uma. Tinham educadoras muito boas, mas não achava saudável pelo sistema. Na Escola Inkiri, nunca senti isso. Estava preocupada, no começo, com relação ao conteúdo. E, hoje, sou fã. Cada vez que tem um convite, quero estar muito próxima, para poder apoiar o máximo possível e entender se está indo na direção que sinto que é boa. Para aprender o que eles tão trazendo para os meus filhos. Sinto que, se preciso falar qualquer coisa com os educadores, vou e falo. E o mesmo eles: que podem me encontrar facilmente. Me dá muita confiança. Sinto meus filhos vivendo algo que não é o homeschooling. Tem uma escola, outras crianças, referencias, atividades, mas é família. Da o sentido que uma família dá. Não havia colocado meus filhos em outra escola até pouco tempo. Agora a Naià está na Teia Multicultural, uma parceira da Escola Inkiri em São Paulo. E sinto que o tema da educação, hoje, se a gente precisar decidir por sair de Piracanga, eles voltariam para o homeschooling”.
Mãe inkiri
E se a maternidade em comunidade é algo único e grandioso, ser uma mãe inkiri vai além. Para encerrarmos a nossa homenagem pelo Dia das Mães, deixamos que que nossas fontes de inspiração e vida expressem o significado das suas próprias experiências:
Juli – “Ser mãe inkiri é poder contar com uma tribo inteira para dar exemplos positivos para as crianças. É saber que todos os valores nos quais acredito vão ser refletidos por todas as pessoas ou pela grande maioria. É poder viver em um lugar super bonito, andar descalça, cuidando da natureza, regenerando o planeta e as relações. É saber que meu filho está sendo amado, não só por mim, mas para todo mundo que está em volta. Que a gente tem um olhar especial para as crianças”.
Gabi Unibazo – “Ser uma mãe inkiri é um orgulho. Acho que ‘inkiri’ é uma palavra que significa muito, vai profundo no meu coração. Faz uma coisa vibrar dentro de mim. Acho que o significado, “o amor em mim saúda o amor em você”, fala tudo. Essa possibilidade para mim é como caminhar cada vez mais para esse lugar de poder me olhar no outro também, com esse amor, e reconhecer esse amor do outro. Então, essa é minha guia. Na verdade, é o que eu sinto, é o que me guia, é o que me move, nesse caminho. Que me dá essa direção. Ter a possibilidade de ser mãe ainda é uma responsabilidade, que sinto, muito grande, de poder estar ali, presente para aquela criança com todo seu amor, seu carinho, aberta. E ter essa possibilidade de ter, além dessa relação intrínseca, essa relação com algo maior, que significa essa comunidade, essa natureza, estar nessa terra, criando algo diferente. Então eu me sinto muito orgulhosa do que a gente está fazendo, com todo o respeito. Orgulhosa de ser parte, de poder olhar para o lado e ver o quanto que a gente está junto, apesar das dificuldades. Da estrutura que a gente tem. De quem cuida da Escola da Natureza, da Educação, a gente está sendo muito abençoado de estar tendo essa possibilidade. Sinto muito orgulho de poder estar aqui e da minha filha poder estar vivendo isso como algo natural. Essa realidade que ela conhece. Estamos aqui há dois anos e meio e quando vamos viajar, é como se ela tivesse que entender o mundo de outro jeito. O mundo dela está baseado nesses pilares, de alguma maneira. Acho isso muito lindo, como toda as pessoas. À minha família, por exemplo, ela traz coisas simples que fazem diferença, como cuidado com lixo, respeito aos animais, cuidado com a água. É incrível. Ter a possibilidade de dar isso para minha filha, não tenho palavras. Só agradecer”.
Gabriela Chavantes – “Ser uma mãe inkiri é colocar em prática o que eu ensino à minha filha. É conseguir colaborar todos os dias, na prática, para a mudança que o mundo precisa para que minha filha tenha um mundo lindo quando eu não estiver mais aqui. É poder ser uma mãe na ação todos os dias. Para minha filha e para todas as outras filhas deste mundo”.
Peggy – “Ser mãe inkiri é um presente. É um papel de generosidade, de humildade. De muita abundância e descobertas, mesmo através dos desafios”.
? Feliz Dia das Mães! ?