Os murais mágicos de Inkiri Piracanga

Uma visita ao Centro Inkiri Piracanga sempre revela surpresas. A conexão entre a natureza e a arte, dois dos pilares da Comunidade Inkiri, está materializada em toda parte. Neste ano, o Centro ganhou dois grandes murais pintados pela artista Noemi Frigerio. O primeiro deles, nas paredes do Restaurante Inkiri e o segundo, na frente do novo espaço do empório local Frutos da Terra (a Frutos se mudou para onde antes era o escritório da comunidade, que foi para uma construção de frente para o mar chamada Espaço Dharma).

As pinturas e Noemi são uma expressão desta realidade e contam um pouco da história deste lugar e de seus moradores. “É incrível a reação de quem chega aqui pela primeira vez quando começa a conhecer as pessoas, e em seguida a reconhecer seus retratos nas pinturas”, conta Fernanda Vieira, participante da Escola de Serviço.

Era para ser um mural só de natureza

Noemi morava na Itália, onde trabalhava com pintura, principalmente de paisagens e natureza. Em 2011, conheceu a iniciadora da Comunidade Inkiri, Angelina Ataíde, fazendo o retiro da Leitura da Aura, que mudou sua vida. Depois disso, passou a se dedicar integralmente à Leitura da Aura e à interpretação de sonhos. Com o passar dos anos, sentiu necessidade de voltar-se à pintura novamente, que além de ser sua principal atividade, era sua essência. Mas Noemi queria dar um novo sentido à sua arte, algo mais profundo. Continuar pintando na Itália como fazia já não tinha muito sentido. Então, Angelina a convidou para vir à Inkiri Piracanga e aqui sua pintura cresceu.

Inicialmente seria algo simples, como pintar plantas e flores. Depois, foi sugerido a Noemi que pintasse também outras coisas importantes para Inkiri Piracanga como uma rosa, uma pessoa meditando, danças circulares, etc.

   

Como Noemi gosta de usar fotografias para fazer as pinturas e não havia fotos da dança circular que encaixassem no mural, ela procurou o casal Francisco e Ornella, membros da Comunidade Inkiri. Fizeram então a “pose” da dança circular para que ela pudesse fotografar. Quando Noemi fez a pintura na parede, o homem que ela pintou, embora não fosse sua intenção, ficou muito parecido com o Francisco. Era para ser somente “um homem”. Quando a Angelina e outras pessoas passavam, diziam “esse é o Francisco”, ao que ela confirmava: “Não fiz intencionalmente, mas, sim, era ele”. 

“Foi aí que Angelina teve a ideia de que podíamos fazer algo original, podíamos fazer as pessoas da Comunidade, pinturas que representassem Inkiri Piracanga e sua história”, conta Noemi. A partir daí, ela refez a pintura, pintando o Francisco ainda melhor e também outros Inkiris.

Noemi se inspirou também nos murais de Damanhur, a federação italiana de comunidades amiga da Comunidade Inkiri e que ela conhece bem. Eles fazem a vegetação grande e as pessoas pequenas, como uma forma de honrar a natureza. Então ela quis fazer assim também e Angelina e todos que viam ficavam entusiasmados com a forma que ela estava fazendo a pintura e os retratos deles.

Murais também na escola das crianças

Depois das paredes do Restaurante e da Frutos da Terra, Noemi fez a pintura dos animais na escola. Para a Comunidade Inkiri, conhecer seu “animal totem” é parte da cultura, mais uma forma de autoconhecimento e conexão com sua essência. Ela começou a pintar o espaço das crianças menores. “Essa pintura também foi uma experiência forte para mim porque ama pintar animais, mas não os pintava porque na Itália as pessoas não me pediam para pintar animais”, diz Noemi. Então ela ficou muito feliz e se emocionou lembrando que, quando era criança, seu sonho era ir desenhar animais na Disney porque achava que era o único lugar do mundo onde se pintavam animais de maneira bonita. Pintando em Inkiri Piracanga, realizou seu sonho.

Um dos animais que Noemi pintou foi um rinoceronte, na sala das crianças menores: “Quando procurei fotos na internet, me deparei com fotos terríveis de rinocerontes mortos ou feridos para cortarem seus chifres. Eram fotos muito dolorosas. A foto que ela escolhi para pintar era de um rinoceronte que não tinha chifre, porque tinha sido cortado, mas pintei o chifre nele e me emocionei, chorei ao perceber a crueldade dos seres humanos com os animais, quanta dor e quanta maldade”. Mas foi aí que Noemi realmente se deu conta a razão de estar pintando os animais. Era seu modo de honrar, agradecer e mostrar seu amor por eles. 

  

Um último detalhe 😉

Sabendo que em Inkiri Piracanga há um grande foco no uso de substâncias biodegradáveis, para as pinturas, Noemi usou tintar acrílicas: “Não consegui usar tintas totalmente naturais porque elas têm cores mais neutras, e é um passo que ainda não consegui dar. Usei acrílico por já ser um pouco mais natural, e presto muita atenção na limpeza”. Os pincéis, Noemi só lava no Ateliê Inkiri, que tem um sistema especial para limpeza da água com tinta, que usa um filtro com plantas.


Este conteúdo foi produzido pelos participantes da Escola de Serviço Inkiri com a supervisão da Comunicação Inkiri. Saiba mais sobre a Escola de Serviço: bit.ly/servicoinkiri

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