As projeções limitantes que colocamos nas crianças

Por Karina Clark

As crianças da Escola Inkiri brincam na área externa.

Sou educadora infantil na Escola Inkiri de Piracanga e esta é a “escola dos meus sonhos”. Não porque tudo seja fácil e o mundo seja todo cor-de-rosa apenas porque o meu trabalho é com crianças, mas justamente por causa dos desafios que vivo aqui.

Um dos meus desafios, que vem se tornando um grande aprendizado, tem a ver com nosso mecanismo de projetar nas nossas relações tudo aquilo que ainda não foi curado/resolvido na nossa história de vida. Trata-se de algo tão natural e que já existe dentro de nós há tanto tempo – desde a origem da nossa (in)consciência, pelos menos – que nem nos damos conta que a projeção está ali a todo o tempo, nos limitando e fazendo o mesmo com os que estão a nossa volta.

As crianças com quem nos relacionamos entram aqui como os nossos “alvos” mais fáceis, aqueles mais puros por serem luz e serviço. Para eles, não cabe outra alternativa a não ser receberem e vestirem essa “manada” de projeções, etiquetas em forma de pensamentos e ações que nós, adultos, lançamos sobre eles, ainda que façamos isso sem qualquer “má” intenção. As projeções podem ser tanto sobre algo negativo, como sobre algo que pareça ser positivo.

Alguns exemplo do que fazemos: “meu filho é tão preguiçoso”, “aquela criança é tão agressiva”, “parabéns, você é muito mais maduro que seus amigos da sua idade”, “como você é desligado, não presta atenção em nada”, “você está sempre procurando confusão”.

Essas informações que chegam até as crianças podem ser muito comuns e inofensivas, mas muitas vezes, podem marcar profundamente a história e o comportamento de um ser.

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Construir um carro também pode ser um projeto

No meu caso, precisei sentir o que as projeções haviam trazido para mim. Na minha experiência de vida, eu registrei que era perfeita ou, pelo menos, que eu deveria ser o mais perfeita possível. Nessa tentativa de atingir o ideal, percebi que perdia muita energia imaginando o que os outros pensavam sobre mim, ou se o que eu fazia agradava as pessoas que estavam à minha volta.

Depois de trabalhar por um tempo na Escola, aprendi algo muito valioso. Passei a trabalhar dentro de mim para retirar estas etiquetas – projeções – que eu tinha sobre mim mesma e, depois, passei a fazer o mesmo com relação às crianças. O que eu experimentei neste movimento foi uma conexão com o potencial da vida.

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As educadoras acompanham o espaço dos bebês, que precisam de mais atenção.

Cada um de nós tem um potencial a ser desenvolvido e, como educadora, descobri a chave para o meu trabalho: abrir o espaço para que as crianças tenham a possibilidade de reconhecer os seus potenciais e que também possam vivê-los.

É daí que vem minha sensação de estar trabalhando na “escola dos meus sonhos”, já que, neste espaço, posso olhar e experimentar o meu potencial e o de tantas outras crianças e adultos com quem eu compartilho os meus dias.

Foto Karina

 

 

 

 

 

Karina Clark é Educadora da Escola Inkiri de Piracanga e terapeuta de Leitura de Aura das Rosas.


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